Franca
experimenta, desde 2017, uma verdadeira revolução no seu sistema de atendimento
e tratamento na área de Saúde Mental. Este é um projeto de grandes proporções e
de fundamental importância no processo de desinstitucionalização de pacientes,
dentro da Luta Antimanicomial, que visa a implantação da RAPS – Rede de Atenção
Psicossocial. O objetivo é a humanização no tratamento de pessoas com problemas
ou transtornos mentais.
A
Fundação Espírita Allan Kardec capitaneia essa revolução na Saúde Mental de
Franca, mantendo uma parceria muito forte com a Prefeitura Municipal, além de
demais entes do Poder Público, entidades e profissionais da área, no intuito de
tornar a cidade uma referência no atendimento às pessoas com sofrimento mental.
A
implantação da RAPS significa uma guinada no tratamento, em que a cultura
medicocêntrica e hospitalocêntrica dá espaço a uma política de saúde mental
multidisciplinar e interdisciplinar, envolvendo a instalação de Residências
Terapêuticas, de CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), tendo os hospitais como
suporte.
Dentro
do processo de reformulação da Saúde Mental de Franca, a Fundação Allan Kardec
assumiu a gestão do CAPS III Florescer (Centro de Atenção Psicossocial) e o
CAPS AD III (Centro de Atenção Psicossocial de Álcool e outras Drogas).
E,
em um trabalho conjunto com a Prefeitura e a Fundação Espírita Judas
Iscariotes, em 2020, houve a instalação de Residências Terapêuticas - cinco em
Franca e uma em Guará. Com essas unidades, foi possível desinstitucionalizar 60
pessoas, que eram moradoras do Hospital Allan Kardec. Como resultado, a
humanização no tratamento mental e a reinserção das pessoas em tratamento na
sociedade. Elas moram nas Residências Terapêuticas, são atendidas pelo CAPS e
apoiadas no hospital, quando necessário.
Além
da transformação da Saúde Mental em Franca, a Fundação Allan Kardec oferece
ainda o projeto de Desenvolvimento Humano, que é baseado na geração de trabalho
e renda para todos aqueles indivíduos com algum comprometimento psicossocial. É
o programa Inspiração.
Todos
os indivíduos atendidos em algum equipamento que integra a RAPS, seja
ambulatório, CAPSs, Residências Terapêuticas ou, eventualmente, passando por
alguma internação podem ser atendidos no programa de Desenvolvimento Humano.
Essas
pessoas trabalham em oficinas de Reciclagem de Eletrônicos, Costura em Couro e
Agrícola. Toda a renda é distribuída entre os oficineiros, como são chamados os
participantes. É um trabalho regenerador, que traz dignidade e saúde, tanto
física como mental, a seus integrantes.
A
implantação de todos esses programas, parte de um projeto amplo de reformulação
da saúde mental, tem feito diminuir a necessidade de internação no hospital
psiquiátrico.
Os
próximos passos são a montagem de mais cinco Residências Terapêuticas, que já
estão aprovadas pelo Estado. E, a partir disso, uma reformulação na forma de
atendimento dos leitos internos SUS do “Allan Kardec”.
É
um momento decisivo, em que o diálogo entre os agentes filantrópicos, públicos
e privados se torna fundamental, em busca de garantir as condições necessárias
para que a revolução siga em frente, com uma Saúde Mental que tem capacidade e
know how para ser referência estadual e nacional.
Mario Arias Martinez
Presidente Fundação Allan Kardec